sábado, abril 24, 2010

.joão e maria.

É, foi você que me deu o meu primeiro abraço. No meu primeiro tombo de bicicleta foi você que me ergueu do chão.
Caí tantas vezes depois. Me ergueu tantas outras vezes também.
Sinto falta do João e Maria pra eu dormir.
Sinto medo por não caber mais uma música entre nós dois, pai.
Sinto tanto.
Se eu errei, se você errou, não sei mais.
Se as coisas já não são as mesmas entre nós. Se nós dois perdemos as chances de nos abraçar como antes.
Você me ensinou. Espero ter ensinado você a ser mais do que pai.
A vida está passando por nós dois agora. A gente anda se despedindo de pessoas demais.
Meu primeiro amigo. Meu primeiro herói.
Segui teimosa o meu caminho. Teimoso você me deixou seguir.
Não erramos tanto assim.
Eu fui a sua primeira bailarina. Fui a sua amiga desde a primeira batida do meu coração.
Se somos tão iguais, se isso te assusta, tudo bem.
Se toda essa distância entre nós dois é apenas porque caminhamos lado a lado, fico aqui.
Nós só queremos essa paz.
Quero encontrar o meu herói novamente. Quero aquele pai que me fazia não sentir medo de nada. Quero tanto poder ter nossos passeios até logo ali, construir nossos castelos e dividir os mesmos livros.
Enfeitar nossas histórias, ouvir as tuas músicas, sentar num café e te dizer que eu cresci.
E te contar que se eu cheguei até aqui, foi porque nos momentos mais difíceis do meu caminho, você segurou a minha mão e me ajudou a seguir...

terça-feira, abril 20, 2010

.poema para um domingo de manhã.



Entrega às minhas mãos como eu me entreguei.
Ergue meus sonhos no alto das mãos, para que eles possam voar.
Desvia-me do chão.
Vem, que essa viagem é nossa. Vai pra lá sem olhar.
Se nós dois, pares, chegamos até aqui
É esse o nosso roteiro secreto de cores e sons.
Não vai. Não vem.
Deixa assim como está. Calado. Pensamentos alados.
Me dá essa cena pra olhar até cansar.
Rabisca as fotos antigas, corta fora esta minha ferida que não sangra nunca.
Calos.
Vem cá. Tá tudo bem. A gente tem direito de ser.
Não olha agora, mas tá lá.
Tá aqui o que a gente vive. Não me obrigue. Obrigada. Volte sempre.
Não vá mudar meus móveis de lugar.
Minhas roupas, teu cheiro. Me traga tudo. Traga teu cigarro em paz.
Tudo meu. Tudo tão seu que já não sei.
Me entreguei.