segunda-feira, outubro 17, 2011

.a chegada.



Eu que achei que sabia tudo, quando vi você pela primeira vez descobri que não sei nada. Tudo agora é descoberta. Eu e você.
Teus olhos abrindo de leve, como duas cortinas prestes a desvendar um espetáculo misterioso.
Demorei pra entender que enquanto me torno mãe, você também vira filho. Estamos aprendendo a ser.
E entre um choro e outro (os meus e os seus) tento decorar cada pedaço teu numa ânsia incontrolável de guardar cada momento pra mim. Quase egoísmo, perdoado nas mães.
E foi neste momento que me rendi.
Ao olhar demoradamente para o teu rosto procurando algo meu em você, finalmente compreendi que há é muito de você em mim.
Sou tua.
E você chegou iluminando a casa. Veio você nos trazendo a vida.
E a cada respiração tua, cada batida do teu coração, essa vontade  toda de viver, tanta força.
Eu nao sabia que para respirar era preciso aprender. E viver é mais que respirar. É puxar o ar e soltar numa coreografia divina e neste compasso dar ritmo à vida.
Viver...
Foram mais de 9 meses esperando você. Esperei a vida toda pra te conhecer... e eu sei que nunca mais estaremos sozinhos novamente. 

Nunca mais a casa ficará vazia. Nenhuma letra minha ficará sem melodia. Agora eu nunca mais vou dançar sozinha. Meus braços sempre vão ter o espaço exato pra caber você.
Ah, não canso de te olhar... Tua boca tão perfeita, teu nariz, tua mão apertando forte a minha. Teu braço procurando repousar no meu colo. Essa tua paz quando suspira fundo, parecendo estar aliviado por finalmente ter chegado em casa depois de uma longa jornada até o meu coração. Teu lar. Tua fome do meu leite, tua fome de viver, é tudo legitimamente teu.
E agora que você está aqui, e esses teus olhos curiosos querendo aprender a ver, eu te olho no fundo desses olhos cinzas e penso:
Conseguimos ser, eu e você.