sexta-feira, dezembro 18, 2009
.passa lá.
Ou algo está paralelo a mim, em uma dimensão aonde tudo poderia ter sido diferente.
E pensar que estas minhas escolhas do passado me trouxeram aqui sempre me faz pensar em quem eu seria além de tudo aquilo que eu quis ser.
E nesse sentido, pareço estar fora do compasso do que eu deveria ter feito.
Esses questionamentos todos, os julgamentos diários, a fogueira sempre armada na praça, pronta pra próxima inquisição sobre aquilo o que eu escolhi.
Eu por vezes queimo por dentro, por não saber se eu fui tão corajosa, se meus pais ainda vão ter orgulho de mim, se meu filho vai se espelhar no que eu faço, se serei nome de rua, ou se eu algum dia terei meu nome estampado na história.
Se no final de tudo eu vou fechar os olhos sozinha, se os meus estarão lá do outro lado para me buscar.
O que eu fiz, o que eu deixei pra trás, as pessoas pra quem eu jamais disse "perdão" "te amo" "adeus".
E nesse quintal de pedra que é a parte do meu coração, me desfaço destas mágoas e me despeço do que já foi.
sexta-feira, dezembro 11, 2009
.sobre tudo, sobra nada.
Não sobre algo específico, mas porque isto é tão parte de mim que quando eu fico longe das minhas palavras por muito tempo, eu refaço frases na minha cabeça o dia todo.
Eu sou uma pessoa feita de sílabas, métrica, rima.
A minha vida é sempre feita de receber postais, de sentir saudades das pessoas que atravessaram as fronteiras pra outra cidade ou outro mundo.
É mudar a estação do rádio ou do ano.
A minha vida é feita de grandes amores e pés no chão.
É o bilhete deixado do lado da cama de manhã pra acordar o sentimento todos os dias.
É esperar na porta e se despedir na janela.
É apostar alto, jogar tudo pro alto e recomeçar todos os dias.
Chorar de alegria ou de tristeza, tanto faz. O aprendizado vem na medida que a gente se doa.
Olhar pra cima, mas não tropeçar. E saber que cair faz parte, mas é sempre bom ter amor pra se levantar.
Eu sou o álbum de fotografias antigas, o sentido oposto do caminho.
Aquela que ama os poucos, mas bons.
Que prefere fechar os olhos e guardar imagens na memória e aquela pessoa que quer ficar um pouco mais acordada pra aproveitar tudo um pouco mais.
Dormir e acordar ao lado, assistir seriados de mãos dadas, almoço de família, jantar a dois.
Conselhos de mãe, afago do pai. Minhas saudades todas, minha vontade do futuro todo cheio de novidades embaladas pra presente.
Minha sala de estar, minhas neuras sobre a vida divididas com as minhas tragadas longas no cigarro.
Aquelas coisas todas sem resposta, as dúvidas, os anseios, as perguntas que eu nunca soube fazer, as frases de impacto e aquelas que jamais saem do jeito que eu imaginei.
Meus amores tão intensos. Minha caixinha de correios sempre cheia de olás e adeus.
E é tudo meu. Cada "te amo" cada abraço, cada segredo contado e cada pecado escondido em nós dois.
Não há perdão sem pecado. Não há amor sem perdão.
Todos os passos que damos juntos, todas as cores que só enxergamos em par.
Cada particularidade, cada pequena mania, cada abraço infinito e cada beijo com gosto de coca-cola e chocolate, é tudo meu.
É a minha vida, é o bom dia, sou eu. Cada pedaço meu que eu largo displicente pelo mundo.
Cabeça de vento. Coração nas mãos. Pés descalços na grama. O corpo procurando o calor do outro antes de suspirar e dormir, meu.
E é o barulho, a bagunça, o tititi desvairado dos dias, as noites de boemia e as manhãs de ressaca também. É a minha vida, tudo isso é meu.
É a calçada suja, o lado encardido e sem sono e o café meio amargo pra acordar meio zumbi de manhã.
Minha vida é aquele livro que nunca se termina de ler.
É meu.
E isso tudo é sobre ser.
terça-feira, novembro 03, 2009
.Melhor Cão.
terça-feira, outubro 27, 2009
.Felicidade esquecida.
Da voz da minha vó, do rosto da minha madrinha Lola.
Esquecer os conselhos que meu pai me deu, do cheiro do colo da minha mãe.
De momentos que foram só meus...
Tenho medo de deixar cair em algum buraco da memória o jeito que ele segurava as minhas mãos, como me olhava, de como eu me sentia quando estava junto de alguém.
De como abraçar fazia sentido, da última conversa, do último beijo.
Do primeiro beijo, do primeiro abraço e da primeira conversa.
E como os pesadelos não afetavam tanto assim quando eu tinha alguém ao acordar.
De como eu me senti sem ter pra onde ir quando a minha vó morreu.
Das mesmas piadas que eu e meu irmão sempre damos risadas. Da falta que ele me faz aqui em Curitiba. e eu muitas vezes esqueço isso.
Tenho medo de me perder no esquecimento, das pessoas não se lembrarem de mim, de momentos que tivemos.
Eu sou nostalgia.
Eu sempre sou notícia velha, jornal antigo, foto amarelada.
O meu coração tem medo de ser só isso. Medo de se guardar demais nestes detalhes que ninguém lembra, nesse afeto todo que perdemos dia a dia.
E se as lembranças são escolhas, eu fico aqui com as minhas, com os meus dias que acontecem de trás pra frente, olhando lá longe e aqui dentro tudo tão meu, no meu coração inquebrável que sempre marca a hora errada pra sentir.
quarta-feira, outubro 21, 2009
.isso de querer.
Quero minha rotina, meus cachorros insuportáveis, meus amigos, minhas palavras roubadas, minhas frases desperdiçadas, quero fumar meu cigarro em paz, meus vestidos coloridos, minhas flores tatuadas, meu coração inquebrável, minhas fotos de família.
Cheirar as roupas da vovó e sentir um abraço invisível.
Acordar e saber que o despertador vai lembrar de nós.
Quero a minha cerveja, quero reler as minhas cartas antigas de amor.
Quero o bom dia da dona da banquinha em frente de casa.
Minhas músicas, minhas melodias.
Quero a pracinha no sábado a tarde, quero encontrar minhas amigas.
Quero meu livro, meus textos, minhas frases de impacto, meus e-mails de despedida.
Virar as costas num dia de sol e chover por dentro alagando o coração.
Quero cheiro de café, quero nuggets no jantar.
Sentir minhas paixões, meus medos, minhas dúvidas todas.
Quero esta solidão que ninguém rouba.
Quero ver os mesmos filmes de novo.
Dar risada de coisas idiotas, inventar minhas próprias coreografias.
Quero assistir minha tv de madrugada e reclamar da programação.
Quero reclamar. Quero contar histórias. Quero ouvir histórias.
Minhas flores na janela, minhas cores.
Meus perfumes, dançar no chuveiro e escovar os dentes andando pela casa.
Esfregar meus pés antes de dormir, acender a luz do corredor porque tenho medo de escuro.
Quero ser minha metade.
Sorrir para as crianças na rua, fazer minhas caretas.
Quero me olhar no espelho e me encontrar.
Quero cinema, quero cini framboesa, quero comprar coisas que vem com brindes de criança dentro.
Perder horas escrevendo as palavras que estão dentro de mim.
Quero sentir. Quero amar. Quero sim um grande amor.
Quero sentir falta, quero abraçar, dar um beijo antes de dormir.
Comer pizza até não aguentar mais, deitar no sofá com as pernas pra cima, imaginar minhas historinhas com final feliz.
Quero minhas festas, quero minhas fantasias, quero encontrar motivos pra ficar um pouco mais.
Quero a minha pressa, quero a minha vontade, a minha felicidade nas coisas pequenas.
Escrever bilhetes, mandar postais, mensagens.
Quero gastar todos os meus minutos com coisas que me façam bem. Quero lembrar das coisas bonitas. Quero as coisas bonitas e encontrar beleza nas que não parecem ser.
Quero ser. Quero meus super heróis, quero caminhar.
Quero me sentar numa mesa grande com pessoas bacanas.
Quero ser a minha metade sem precisar do mundo de ninguém.
Eu. minha. ser. amar. morrer de amor. sofrer. magoar. aprender a perdoar. viver.
segunda-feira, outubro 19, 2009
.felicidade roubada.
Mas quando acordo e vejo que era só um sonho ruim e as coisas continuam no lugar, me dá um alívio estranho. Eu sei que não perdi nada, mas passo o dia todo com aquela sensação de perda.
E esta sensação de coração vazio é inevitável.
Eu não sei perder. Eu não sei viver com o coração vazio.
E pra alguém como eu, estes sentimentos tão efêmeros são quase mortais.
Coração quebra, e não há o que fazer.
Me arrasa.
Essa coisa de se sentir como um time que está com a partida perdida e tem que continuar a jogar.
Isso tudo de ter que recomeçar, varrer os cacos e limpar a casa outra vez.
Gostar e desgostar, amar e desamar, desarmar as armadilhas que nós mesmos plantamos pelo caminho.
Machucar os outros, se machucar.
Amor é a única divisão que se soma.
E quando ele acaba ou diminui ele leva inteiro, não metade.
quinta-feira, setembro 24, 2009
.felicidade clandestina.
Hoje eu tava lendo um texto da Carol em que ela diz que quando está feliz não sabe escrever.
Pois é. Eu também não.
Eu dou minhas passadas por aqui quando há algum monstrinho em mim que eu preciso libertar.
É difícil libertar a felicidade. Dá medo de escrever sobre ela e algum dia ela se transformar em nada além de palavras contentes.
É difícil dizer, depois de tantos calos e tantas lágrimas, depois de reconstruir tantos corações, esta vontade de estar ao lado de alguém novamente.
E eu sou mesmo assim. Esta tempestade de sentimentos sempre. E quando vem a calmaria, eu já não sei mais como lidar.
E eu só quero estar bem, só quero abraçar e dormir tranquila ao lado dele.
Quero as horas de conversa e perder todo esse medo que dá de não saber direito o que escrever por eu estar feliz.
A verdade é que eu sempre vou preferir morrer de amor a morrer de vontade.
Enquanto eu ensaio aqui as minhas palavras, enquanto eu sorrio com os olhos brilhantes e as mãos quentes, enquanto os planos são só o filme que iremos assistir enquanto a tv nos assiste, eu vou me fazendo feliz com ele.
O eterno não basta no coração, não há como saber o que a vida nos reserva. Mas desta maneira tímida e tranquila eu vou preenchendo esses vazios todos que já eram tão cotidianos e sentindo esta estranha vontade de fazer ele feliz também.
Que venham todos os frios na barriga e os bilhetinhos secretos no café da manhã.
sexta-feira, setembro 11, 2009
.curitiba, a cidade fria.
De tanto entregar meu coração pelas manhãs;
A cada porto acordei em um lugar.
Ele viajou mais que eu, junto a você;
E quando voltou eu nem sabia mais usar.
Eis que o acaso te trouxe numa noite qualquer;
Cheguei tão perto do teu coração turista.
Roubando rimas tuas pra agora te dizer;
Que me perdi na boemia, mas não perdi você de vista.
quinta-feira, setembro 03, 2009
.só isso.
Andei pensando tanto em você...
Mas não no passado, ele já não me interessa mais.
Nem no futuro, seria muita pretensão.
Pensei em te mandar um postal.
Pensei em te ligar, mas não me lembro mais do seu telefone.
Pensei em te dizer que eu já cansei de viver tão longe.
Que os meus momentos nos teus braços coloridos eram aonde eu me sentia em casa...
E que às vezes eu sinto uma vontade enorme de me sentir assim novamente.
Eu tenho tanto, eu vivo tanto, eu vou a lugares incríveis que simplesmente queria te mostrar.
Mas eu quero te dizer que não espero nada. Não quero nada teu.
Só te contar que eu ainda sinto. Ainda me lembro de você.
Quero que saiba que só ficou o teu melhor em mim.
Que não quero mais esse passado.
O que me alimenta é só o meu amor. E eu cansei de tentar não amar.
Porque esse amor de certa maneira ainda é meu e teu.
Não sei se ainda quero dividir meus dias com você.
Mas te abraçar um pouco seria bom, só pra lembrar de como é voltar pra casa.
Me encontrar nas tuas pequenas coisas.
Eu vivo, eu respiro. Eu acerto as vezes. Mas o fato é que você não faz falta.
Não do mesmo jeito...
Não quero mais me lembrar.
Quero só poder te encontrar e dizer que eu sempre amei você.
E mais do que ninguém, você sabe o quanto é difícil te contar isso.
Eu acho até que eu só te falei que te amava enquanto você dormia.
Não sei bem...
Não há mais o que dizer. Talvez eu só precise te contar isso...
que eu precisei de tanto tempo pra entender que é amor tudo aquilo que eu nunca entendi sobre você....
sábado, agosto 22, 2009
.pois é.
E é assim.
De repente tudo aquilo em que você acredita que seja perfeito na vida de alguém... não é.
Não é.
E está lá, aquela pessoa, do alto de sua torre de areia querendo fugir...
ninguém viu.
ninguém a ouviu.
e o caminho de repente se fecha entre pedras e espinhos. tá escuro. dói. fui...
e ela esta lá... eu tentei chorar, ela também. tarde demais.
o jogo terminou em um simples e patético empate, onde nós todos vamos perder eternamente.
e a cada foto tua eu vou saber que perdi.
sem mais.
talvez você, do outro lado, veja o quanto perdeu.
não há um empate sequer...
e dói a tua perda.... em todos nós...
a cada um que chegou a ver as tuas coisas bonitas... se foi. não havia ninguém lá.
o destino não foi tão bom conosco.
nada mais.
você foi.
e eu também.
cada pedaço teu que chora por não estar mais aqui.
leva essa parte que é tua e ficou.
diante de todos os erros, eu assumo os nossos.
não me deixe aqui, te peço.
não deixe que as coisas todas se movam nesse xeque-mate, enfim. já foi. erros teus. e meus.
volta aqui.
vem cá.
meu colo ainda é teu melhor lugar.
.ne me quitte pas.
desculpem, as lágrimas insistem em voltar aqui.
justo eu, que não sei me despedir.
destavez eu digo: ADEUS.
"Lá se vai o tempo que eu fiz
Fui refém, das minhas circunstâncias tolas
Você tentou ser feliz, eu também
E as lembranças são escolhas
se vai o tempo que eu fiz...
Fui refém, das minhas circunstâncias tolas
Você tentou ser feliz, eu também
E as lembranças são escolhas..."
domingo, agosto 09, 2009
.dia dos pais.
É, dia dos pais sempre me traz uma sensação estranha pra mim. Na realidade eu sou meio avessa à comemorações de quase todos os tipos.
Mas dia dos pais pra mim é meio "sei lá".
Meu pai sempre foi especial pra mim. Sempre foi aquele cara pra quem eu corri nos piores momentos, quando eu estava realmente encrencada. Me ensinou a andar de bicicleta, me ensinou a gostar das melhores bandas e dos melhores livros. Era ele quem cantava pra eu dormir. Quantas canções...
Quantos poemas. Quantos conselhos que eu deixei de seguir, Quantos abraços que eu achava brega lhe dar na frente das minhas amigas...
Foi ele quem me ensinou a dizer "te amo" ao invés de "tchau" quando desligava o telefone. Porque ele sempre me diz que algum dia, aquela frase será a última coisa que falaremos um ao outro.
Talvez tenha sido ele a pessoa que mais senti raiva em toda a minha vida. E a minha mãe. Até porque são eles que estão mais perto, fazendo as coisas que no momento não fazem o menor sentido, e eu só entenda quando for mãe também.
Mas sempre foi o homem que admirei. O mais inteligente que já conheci, o mais bonito, aquele pai que as amigas sentem inveja, porque foi pra ele que contei quando comecei a fumar, quando tomei o primeiro porre feio, quando tive o meu primeiro namorado...e ele sempre teve algo de bacana pra me falar nesses momentos.
E é pra ele que eu ligo quando estou triste e nem quero falar nada, porque sei que ele vai saber exatamente o que estou sentindo e não vai me perguntar.
Não sei ao certo o que mudou entre nós. Talvez eu tenha crescido, talvez ele não tenha crescido o suficiente. Talvez os nossos erros um com o outro tenham ficado insuportáveis pra eu poder sentir que posso contar incondicionalmente com ele. Ou ele tenha simplesmente deixado que eu caminhe com minhas próprias pernas pra um dia se orgulhar por eu ter feito a minha história sozinha.
Não sei. Algo me dói por falar dele. Acho que é amor. É por não saber se algum dia nós teremos orgulho um do outro.
Pela vida, ter deixado ele mais duro, mais sisudo. Ou pela vida ter me deixado mais dura e sisuda.
Ele sempre vai ser o homem que dançou comigo na festinha que nenhum menino me chamou pra dançar.
Que me deu meu primeiro livro aos 12 anos. Fernando Pessoa. E um dicionário pra eu começar a entender aquelas palavras.
Que me liga pra saber como eu estou.
Que me ensinou a mergulhar.
Que me dá bronca citando algum autor complicado.
Que se orgulha dos meus textos e corrige de forma delicada quando acha que outra palavra seria melhor usada naquela frase.
Que carrega fotos minhas na carteira e mostra até pro tio do posto de gasolina a filha dele.
Que colocou a minha primeira publicação em um jornal numa moldura no quarto.
É ele que tem até o joelho parecido com o meu. E quem jamais me deixou caminhar do lado de fora da calçada, porque um cavalheiro sempre deixa a dama protegida.
Que me levava pra passear, segurava pela mão e me dizia que nenhum pesadelo jamais iria me alcançar, porque ele estava ali cuidando do meu sono.
É ele que as minhas colegas de colégio chamavam de tio-pai. Porque ele era o mais legal de todos.
Sarcástico, engraçado, rápido pra fazer piadas.
Pra quem eu fiz minha primeira canção. Meu primeiro poema.
Que me levantava quando eu era pequena, pra eu poder encostar no céu.
Que procurava duendes na fazenda comigo, me ensinou a montar, me obrigava a tomar uma gororoba horrorosa feita de verduras de manhã, pra eu ficar forte.
Foi com ele que eu chorei muitas vezes. Outras tantas, ele me fez chorar.
É ele que me perdoa sempre. E é ele a quem eu perdoo também.
Ele sempre vai ser ele, mesmo que o nosso mundo mude tanto... meu pai...
quinta-feira, agosto 06, 2009
.a mesma praça.
Hoje eu cheguei perto do acaso.
Passei pela frente da tua casa, mas não olhei pra tua janela, com receio que o acaso realmente me fizesse encontrar você.
Me sentei no mesmo banco que um dia dividimos e me lembrei que só passamos um fim de tarde ali, mesmo perdendo tantos outros finais de tarde bonitos dentro de casa.
E eu pensei que mesmo quando estávamos juntos, nós já haviamos perdido tanta coisa...
Na verdade nós já começamos pela metade. Duas metades tentando se encontrar ali, em dois corpos que hoje são os mesmos: metades.
O acaso não nos colocou mais frente a frente. Talvez seja este o plano.
Ou talvez as nossas ruas não se cruzem mais, apesar de continuarem se encontrando no google maps.
E quando eu percebi que hoje posso estar com alguém que mora na mesma avenida que a sua, e que talvez você esteja dormindo em outra cama de outro apartamento qualquer, eu vi que nós sempre vamos mudar de lugar, mas continuar na nossa mesma rua. Não no sentido geográfico da coisa, mas no nosso caminho. E talvez o nosso jamais se cruze novamente. Eu não encontro nem meus vizinhos, por que encontraria você depois de tanto tempo?
Eu não teria mais tanta coisa pra falar quanto antes. Sou notícia velha.
Gastei o que eu tinha pra te falar durante esse tempo todo e acabei sem ter o que contar.
Usei as nossas histórias como uma música que a gente não cansa de ouvir.
No meu livro talvez não tenha um capítulo só nosso. Sobram páginas.
Mas eu sempre vou colocar um pouco do que nos restou nas minhas linhas.
Não te escrevi nenhuma carta de amor, não há nada de novo no que eu já senti por você. Apenas as metades que um dia já dividiram a mesma rua e que o acaso esqueceu em algum lugar.
.apenas o fim.
As vezes a gente procura motivos pra acreditar que seria bom passar a vida toda ao lado de alguém.
Eu não.
Na maioria das vezes eu passo o meu tempo de fossa/ócio procurando motivos pelos quais eu terminaria com aquela pessoa. E assim, listando os meus defeitos e do outro, acabo percebendo o quanto eu não gostaria que aquela pessoa fosse embora.
Porque é nos defeitos que a gente encontra algum sentido pra estar ali dividindo as suas paranóias com o outro. Se encontrar nas semelhanças é fácil demais. Complicado é conseguir conviver com as coisas que fariam você chutar o balde e se mandar, porque aí é que entra a parte em que você se dedica a alguém. Exerce a difícil arte de aprender com quem está ali fazendo algo a mais na sua vida além de simplesmente gostar da mesma música que você.
E de repente, me pego pensando em todas as coisas cafonas e clichês que já passei com tal pessoa e na maneira como eu guardo essas lembranças. E é assim, como um clipe de uma música daquelas bem tristes, que fazem a gente querer se afogar na primeira fonte de água verde e suja de uma praça mal frequentada.
E por mais felizes que sejam as lembranças, elas passam por mim com uma melancolia arrebatadora sempre.
Conversar durante horas com uma pessoa que está ali tentando entender um pouco mais do que simples palavras jogadas fora. Guardando aquelas palavras para o caso delas talvez um dia se transformarem na última lembrança que teve daquele alguém.
As vezes eu passo o meu tempo pensando nos motivos pelos quais eu não sumiria junto com o sinal da internet da vida daquela pessoa que está ali, do outro lado, tentando achar algum motivo pra ficar.
E eu fico aqui procurando as palavras que vou guardar.
quarta-feira, julho 29, 2009
Sobre o tempo
Estou sentindo uma liberdade estranha.
Uma liberdade consentida, segura, permitida.
Coloquei o pé na estrada, segui o meu caminho sem medo ou arrependimentos.
Cheguei em outros lugares por saber que agora você está sempre comigo.
Sei que não vai mais sair de mim.
Que vai me acompanhar em todos os meus passos, minhas danças, minha música.
O tempo já passou, estou aqui. Você ganhou todo o resto que não posso tocar.
Minhas lembranças, meu amor.
E esta liberdade não me consome mais. Ela é tua.
Aceitei os planos e os caminhos tortuosos, sorri novamente.
Entendi a tal felicidade que um dia já senti ao teu lado. Ela é o combustível pra me levar além.
É o teu sorriso que me deixa livre, que me dá paz para dormir bem e acordar tranquila.
Estou leve, posso seguir agora, porque sei que você vai me seguir aonde eu for.
segunda-feira, junho 22, 2009
[menos eu]
Sempre fui péssima com despedidas.
Hoje, por fim, se cumpriu a mais dolorosa.
Minha metade, minha maior amiga da vida... se foi.
E eu aqui, nesse silencio assustador com as minhas palavras tortas, tento encontrar uma palavra para tentar preencher essa lacuna que acabou de se abrir no meu coração.
Ah, como era um momento só nosso quando eu te via... Dói te imaginar apenas nas fotos agora.
Dói não pegar nos teus cabelos que nunca ficaram brancos.
Ah, os teus olhos, vó. Eram só teus. E os meus eram um par te olhando com orgulho sempre.
Segurar a tua mão pra dormir. Ah, me acalme. Canta alguma cantiga comigo pela última vez.
Me conta das tuas coisas que eram tão minhas.
Você sempre foi a minha favorita. Me segura por mais um segundo...
Dança essa última valsa comigo antes de ir. Acena pra mim deste mundo distante para o qual você viajou. A demora para o reencontro me aflige agora.
Me faça só mais um afago no meu coração que está tão descompassado quanto o teu, que parou.
Ah, céu. Receba a minha melhor parte aí. Recebam com flores e estrelas, esta que era a mais brilhante para mim.
Beija a minha testa mais três vezes vó. O fato de não te beijar a testa me dói ainda.
Me dói toda a despedida e esta dói mais, por ser a última.
Vão doer todas, por eu não poder te contar os meus planos, os meus medos, as minhas histórias com final feliz.
Abre teus braços, vó. E em seguida me aperta com toda a força que você teve, mais que eu e qualquer um que passou por aqui.
A tua honra, a tua sabedoria, a tua calma e aceitação com as coisas.
Teu olhar doce e azul. O teu sorriso ao me receber. A porta que permanecia aberta até eu entrar no elevador, porque você sempre foi melhor nas despedidas que eu.
E eu não sei te dizer adeus. Desculpe, por favor. Não sei deixar essa nossa ciranda acabar.
Você sempre será a minha favorita. A minha melhor amiga que eu já tive neste mundo, que hoje ficou menos florido sem você. Eu sempre te amarei, minha menina dos olhos coloridos.
segunda-feira, junho 15, 2009
[sempre sobre o fim]
E pensar no que teria sido, em quem eu teria me transformado se de alguma maneira eu tivesse corrido para algum outro lado além deste.
O que eu seria se não fosse mais as mesmas idéias as quais abandonei tantas vezes?
Em outro canto, outra voz me falando coisas bonitas, seria eu a estar com uma outra vida?
Eu ainda estou aqui. As vezes acho que é o melhor lugar.
Outras tantas vezes já me senti desconfortável em mim.
Segurando as mãos erradas, escolhendo o mais seguro ao invés de reencontrar as coisas que realmente me fizeram sentido na minha vida.
É a mesma sensação.
Fechei a porta pra tantas pessoas que já perdi as contas.
Algumas delas, talvez as que mais amei.
Se eu perdi? Sim, eu me perdi muitas vezes.
Mas hoje eu estou exatamente aonde eu gostaria de estar.
Meus planos e as minhas malas feitas, desde criança.
Eu deixei o tempo e a mágoa me acorrentar perto das coisas que mais me assustam.
E eu deixei alguém partir.
Fiz as minhas escolhas. Algumas delas foram feitas por mim, continuei. os outros também.
Continuo aqui, repetitiva nos meus erros cronicos de avaliação das situações.
Quando finalmente achei que estava aonde queria estar, me vi mais uma vez querendo atravessar a rua e seguir pelo caminho oposto dos erros alheios e simplesmente me alienar dos meus próprios.
Quando minha vontade sempre foi dar um abraço e esquecer de tudo. Impossível.
Não me culpo mais. Não culpo mais os outros pelas situações.
Vou seguindo, ainda.
As vezes eu caio em mim e me encontro. As vezes eu ainda me vejo distante de mim e perto de alguém.
Mas esta não sou mais eu.
Eu sou aquela pessoa que ainda está lá e aqui.
segunda-feira, junho 08, 2009
[minhas almas amigas]
O tempo é sempre implacável.
Eternas despedidas, retornos inesperados. Flores, beijos, bilhetinhos meu amor infinito pelas minhas velhinhas que formaram a minha parte boa.
Estes adeus são os mais dolorosos. De pessoas raras como elas foram para mim.
É uma saudade boa. As vezes aperta mais, confesso.
E o desejo de encontrá-las nos sonhos, poder contar os meus medos, me aninhar no colo delas e simplesmente chorar, sem julgamentos. Só amor e o abraço que elas me davam, cumplices da minha vida, meu espírito e de toda a lealdade que há no mundo.
Minha vó Diva, da "minha Lola", da minha vó postiça Elenir...
Cada uma com sua maneira, com um olhar especial, um carinho diferente.
Minhas almas amigas.
Minhas amigas.
E não há tempo que me faça esquecer do amor que eu recebi de cada uma delas.
Cada uma das minhas velhinhas especiais.
As despedidas são dolorosas, sempre serão. É um pedaço meu que vai com elas.
Mas a cada sonho em que as encontro, eu percebo que nunca estarei sozinha ou desamparada, porque eu tenho o maior amor do mundo aqui dentro de mim.
Minha melhor alma amiga ainda está aqui. Vó Zayde, minha amigona que mesmo na cama de um hospital, me manda beijos no ar e me conta o quanto eu fui esperada por ela.
Me acorda no meio da madrugada para me pedir um abraço e um beijo.
Esta é a melhor coisa do mundo. Ela é o meu mundo, meu amor, minha leal companheira de tantos colos e conselhos.
E enquanto seus olhos coloridos estiverem me olhando com tanto carinho, eu estarei ao seu lado para dizer que ela é o meu orgulho.
Eu continuo não sabendo me despedir, mas eu sei que estes amores são os eternos em mim.
Só posso terminar este texto cheio de lágrimas boas, agradecendo a cada uma destas minhas almas amigas por eu ser tão amada. Um beijo, amo vocês.
segunda-feira, junho 01, 2009
[mais um inverno]
Enquanto tudo estava desabando, corações quebrando em pedaços afiados, o estranho frio atravessando nossos poros e a manhã cinza batendo na janela, ele corria para dentro.
Era estranho lá. Fechado, sombrio.
Ele caminhava por aquele lugar árido em busca das pequenas lembranças que pudessem resgatá-lo de volta à tona.
Toda vez que vinha à tona, ele pensava que a melancolia que havia dentro dele era tudo o que realmente pertencia ao seu coração.
Então ele corria novamente.
Gelava a pele contra o vento, contra cada espaço que ainda restava das manhãs felizes, do cheiro de outro alguém que ainda se escondia no travesseiro, de poemas escondidos na gaveta.
Abria a porta, deixava o inverno entrar e congelar tudo outra vez.
Passava pela rua aonde morava aquela pessoa, desviava pouco o olhar com medo de encontrá-la no portão.
Roubava pequenas frases na esperança contida de não haver ninguém naquele coração, não por egoísmo, mas por preferir não ver o sorriso apaixonado que um dia foi dele, olhando os olhos de outra pessoa.
Horizontes não o contentam mais. Paralelos cabem mais.
Um bom conhaque para tentar esquentar o pouco que restou.
Tentar abraçá-la em sonho já não adianta mais, pois ao abrir os olhos e ver que o outro canto está frio só o deixa mais vazio por dentro.
Ele pensa em telefonar. Pensa em contar o seu dia e as suas vontades, mas e se ela não atender?
Ele tenta esquecer, mas quando vê alguém parecido na rua, frio na barriga é inevitável.
Será que ela ainda se lembra das promessas que eu quebrei?
Será que ainda chora por eu ter sido cruel e leviano com seus sentimentos?
Então ele pensa em encontrá-la por acaso, mas o acaso não ajuda.
Ela sumiu, se foi. Ela correu também.
Correu para não correr riscos. Correu com o coração em pedaços e desapareceu de manhã.
Foi rápido, os meses arrastaram o inverno para perto.
E ele pensa se o tempo passou dentro dela ou se dentro do deserto que ela criou ele ainda vive também.
sexta-feira, maio 29, 2009
[a rotina das horas]
Ele chegou em casa no mesmo horário de sempre. A sua rotina de repetir pequenos gestos desde o elevador, até a forma que olhava as correspondencias em cima da mesa. Tirava os sapatos enquanto esquentava a água para fazer café.
Era tudo igual. Fumava seu cigarro na varanda, enquanto pensava nas coisas que aconteceram no dia.
Ela cumpria seus pequenos rituais diários. Abria as janelas ao acordar, pulava da cama enquanto corria até a cozinha para esquentar o leite.
Ele entrava no banheiro, fazia a barba no banho, ajeitava o tapete do box com os pés, enquanto puxava a toalha para deixá-la reta no cabide.
Ela, aos pulos, escolhia alguma roupa cantarolando pelo apartamento.
Ele escolhia algum dos seus relógios para marcar seu atraso de sempre.
Ela se sentava no mesmo lugar de sempre na mesa, brincava com a colher do chá enquanto juntava com os dedos os farelos da toalha.
Ela implicava com farelos.
Ele implicava com os pingos na pia.
Ele dobrava as cobertas e guardava a favorita dela.
Ela subia na cama e abria a coberta novamente, para se esconder embaixo dela enquanto o puxava para um beijo.
Ela contava os detalhes de suas histórias, ele reparava mais nos detalhes que ela.
Ela fazia pequenas flores com os canudinhos e deixava em cima da mesa para ele se lembrar que ela esteve ali.
Ele guardava todas as pequenas bobagens que ela falava.
Ele demorava no banho, ela reclamava.
Ela demorava com o secador, ele reclamava.
Ele segurava forte as suas mãos entre os dedos dela.
Ela corria pela casa novamente, usando a blusa grande dele, batendo as mangas uma na outra e ria.
As horas se passavam e ela cochilava ao som de alguma música que invadia o apartamento.
Ele a via dormir como se assistisse a um sonho dentro do outro.
Ela o assistia dormir e pensava no quanto era sortuda por ter as cores dele ali ao lado dela, no travesseiro mais duro, porque ela gostava mais do outro.
Ela o abraçava e abraçava o mundo.
Ele a abraçava e sentia todo o amor que ela poderia ter em si, e ela o dividia com ele sem egoísmo ou medo.
A rotina deve ser igual para os dois agora, mas só metade.
A saudade virou rotina também.
E o relógio ainda chama os dois no mesmo horário.
quinta-feira, maio 28, 2009
[matando]
Queria eu te entregar o último pretexto pra nunca mais te encontrar...
E eu ainda não sei explicar as mesmas coisas de antes.
E te dar a última chance de te ver não foi tempo suficiente pra mim, nem pra você.
E perceber as perdas nisso tudo.
E se hoje estou aqui com esse sentimento todo inutilizado... é por não saber como te contar absolutamente nada além de mim, além de tudo o que você sabe sobre mim...
Porque talvez eu não tenha sido aquilo tudo o que você sonhou... ou porque tentei esquecer das nossas coisas todas na hora errada.
Ou porque a química passageira com outra garotinha babaca e bonitinha e bobinha qualquer pareceu mais interessante do que uma pessoa que acompanharia teus passos por toda a eternidade que nós teríamos. E o final feliz que a gente gostaria de acreditar que era pra sempre.
E se você quer saber? Tenho ódio da menininha... ódio ódio e ódio... e de todas as que conseguiram te tocar. Dormir na cama que um dia foi nossa...minha e tua...e delas descobrirem teus segredos....e delas pensarem em tudo aquilo que foi nosso como se fosse delas... e sinto raiva ainda por imaginar que qualquer garota possa segurar a tua mão antes de dormir e te beijar quando você acordar...
Sobre mim?
Eu estou aqui, sabotando qualquer possibilidade de um homem me fazer feliz além do café da tarde.
Estou aqui, enganando o tempo pra ver se ele passa bem rápido e leva meus pretextos todos de chegar perto de você.
E eu continuo assim, esperando uma chance qualquer de te dizer que acabou.
Mas daí eu abro o armário e sinto um frio danado. E vejo que o cachecol que um dia você enrolou no meu pescoço por um simples ato de afeto continua lá e eu só penso em te pedir pra me libertar de qualquer coisa que venha de você.
Segundos depois, a única coisa que consigo pensar, é que você nunca existiu além dos meus sonhos. E então eu não durmo, pra poder te matar.
quarta-feira, maio 20, 2009
[sobre a fragilidade das coisas]
Eis que me vejo aqui novamente no mesmo lugar.
Sem saber em que direção seguir, sem saber pra qual lado o nosso vento vai bater mais forte e levar nossos anseios pra longe junto com todas as mágoas que nos servem o café da manhã.
Quem errou?
Quem foi que disse a palavra errada?
Quem foi que deixou o silencio ser a resposta de tantas coisas?
Qual de nós agora está dormindo mal por ter achado que ir embora e dormir sozinho era mais fácil do que enfrentar tantas dúvidas e medos?
Quantas coisas se perderam entre nós para nos transformar em completos estranhos, que mal sabem trocar um bom dia...
Eu nem sei mais o quanto eu perdi.
Eu nem entendo mais aonde foram parar aquelas coisas bonitas que um dia já dissemos um para o outro.
A primeira vez que tocamos nossas mãos e quando acreditamos que poderíamos as segurar para sempre.
Isso tudo virou poeira que escondemos debaixo de um tapete qualquer.
Nosso castelo de cartas já caiu há tanto tempo.
Essas ruínas ainda devem existir em algum lugar ainda.
É tudo tão frágil.
O monstro do armário continua no mesmo lugar.
O lobo assoprando, tentando derrubar o muro de pedra que eu mesma construí com as mãos.
Não passa de uma lembrança que eu tenho que procurar em mim, as vezes aparece assombrando a casa vazia e me segue em algumas praças.
Eu ainda moro no mesmo lugar. Ainda suspiro antes de dormir. Ainda esfrego meus pés debaixo das cobertas. Ainda deixo o chá esfriar. Corto o queijo bem fininho e nunca acerto o número de colheres do Nescau. Eu ainda levanto da cama com o pé direito e escovo os dentes andando descalça pela casa. Eu ainda durmo no canto da cama, por não saber usar aquele espaço todo. Ainda almoço nos mesmos lugares e misturo as comidas de um jeito irritante. Ainda fumo na janela tentando deixar a chama acesa até chegar no chão.
E eu ainda não sei aonde foi que nós fomos parar.
Ainda não sei.
terça-feira, maio 19, 2009
.assim.
sexta-feira, maio 15, 2009
[A volta]
Meu bem,
Estou escrevendo para te contar que aqui as coisas vão bem.
Hoje mesmo eu pensei em te mandar um postal, ou um beijo no espelho.
De todas as coisas que mudaram por aqui, o clima da capital de pedra continua o mesmo, frio e bonito.
Hoje passei pela rua que te contei em outra correspondencia, ela ainda está do mesmo jeito, até com as mesmas pessoas. Só falta outro par de pés caminhando comigo por ali.
De resto, só restam saudades e algumas outras palavras que eu ainda não encontrei para te dizer.
São tantas coisas que eu tenho para te mostrar, tantas avenidas vazias por aqui.
Tantos carros cinzas, até as árvores estão me imitando, sem flor.
O transito continua infernal, mas não ligo. As minhas ruas são tão tranquilas quanto os caminhos que sempre me levam até você.
De noite faz frio, muito frio. A minha coberta de retalhos coloridos sobre a cama grande não me esquenta tanto assim.
Ah, peguei gripe de novo. Deve ser porque meus pés andam gelados sem os teus quentinhos junto deles.
E as mãos... ah, entre elas sempre há um espaço aonde cabe perfeitamente o seu rosto. As vezes eu me pego com elas abertas no ar, ensaiando para segurar o teu sorriso em mim.
Nas lojas de livros eu ainda passo bastante tempo. Clarice, Pessoa, Machado e Vinícius me fazem companhia.
Os parques não têm mais graça. Os dias bons de verão já se foram, levaram bons amigos e me deixaram grandes saudades.
Eu continuo aqui na contramão, me despedindo dos meus passos, te entregando cartas, sorrindo pela manhã com os distantes "bom dias" que me alegram.
Quero te contar que me faz falta. Quero te dizer que aqui as coisas todas ainda te esperam sorrindo. Quero te abraçar nesta carta e em todas que eu consiga te mandar.
Você sempre vai estar lá e aqui. Eu sempre estarei aqui e lá com você, aonde estiver.
Meu coração vive por aí agora, mas sinto que ele está em boas mãos.
O seu está bem guardado também, ele mandou lembranças e um forte abraço.
Eu ainda estou procurando uma forma de te contar sobre as cores daqui, mas elas são mais bonitas quando você pode enxergar junto.
De qualquer maneira, sinto que elas não desbotam mais como antes, porque sei que não há distancia que me deixe só, não há adeus que me afaste dos nossos sonhos, não há caminho sem a tua lembrança.
Um beijo e um sorriso invisível para você.
B.
quinta-feira, maio 14, 2009
.As coisas importantes da vida.
"um dia após o outro
05/04/09
O Texto acima foi escrito por um dos rapazes que foi morto em um acidente estúpido, envolvendo um Deputado Estadual de 26 anos, que estava a 190km/h numa via de no máximo 60km/h, que literalmente MOEU o carro aonde estavam dois jovens.
Fora todas as histórias mal contadas sobre este acidente, nas quais eu não gostaria de entrar em méritos, porque não cabe a mim julgar, eu realmente fico preocupada quando acontece uma coisa assim, pois poderia ser eu, você que está lendo este texto, nossos irmãos, amigos, primos, voltando pra casa, quando um cara descontrolado no volante, que estava com a carteira suspensa desde junho do ano passado, CENTRO E TRINTA PONTOS de multa na carteira, vem numa velocidade absurda e tira a vida de duas pessoas.
Tira a vida de um cara que escrevia sobre viver, sobre gostar de viver.
Ninguém aqui é santo pra apontar pra outra pessoa, nem quero. Mas eu gostaria que somente por um instante cada um que está lendo este texto pensasse em quantas imprudencias NÓS cometemos, que podem botar a vida de outros em risco.
Que nos colocássemos no lugar destes pais e mães que hoje estão chorando por filhos que não estão mais aqui. Isto é tão absurdo, tão contra a natureza, que quando perdemos os pais somos órfãos, mas não há palavra pra definir um pai que perde um filho.
Pensemos um pouco nos nossos atos, no quanto corremos quando dirigimos, se realmente é necessário pegar o carro depois de encher a cara, se às vezes amar um pouco o próximo e se um tanto de empatia não pouparia tanta desgraça e tristeza.
segunda-feira, maio 11, 2009
[não solta a minha mão]
Bem que eu disse que não havia razão pra não ser.
Eu bem que avisei que seria diferente de tudo o que já foi.
Eu que nem sabia o que estava para acontecer.
Não é.
Eu só queria uma dancinha a dois.
Queria sentir que não era só um.
Mas a distancia marcou nosso fim.
Não achei rima pra fazer nosso som.
Pois é.
Enquanto uma canção já fez mais companhia
A gente esqueceu de dizer que não há mais lugar
Onde aconteça um bom carnaval.
Não há.
E eu já não sei quem foi que começou
Com essa bobagem de se entregar.
Se o final é sempre igual, ensaiando ou não...
Então tá.
quinta-feira, maio 07, 2009
[Você]
Meu sorriso invisível.
Minhas falas sem ensaios.
Minha contramão.
Minha presença constante.
Meus versos.
Minha contradição.
Você é meu amanhecer.
Meu colchão.
Minhas mãos.
Meu orgulho.
Meu sonho mesmo sem lembrar.
Minha volta.
Minha chegada.
Meu caminho sem direção.
E eu sei que estará lá.
Mesmo sem a gente saber.
Eu ainda moro em mim pra você.
Por você sempre me achar.
sexta-feira, abril 24, 2009
[lágrimas demais]
quando a vida parece levar todas as pessoas pra longe.
e pensar em não poder abraçar parece incrivelmente doloroso.
quando o melhor colo do mundo está parecendo mais fraco e transparente.
e eu tenho medo de deixá-la ir.
e eu não quero que ela sinta dor ou medo.
ela é a minha melhor parte.
e hoje eu senti pela primeira vez de fato, medo de me despedir dela.
meu maior amor.
minha maior sorte é tê-la em mim.
quando olho suas fotos antigas, quando eu sinto orgulho por ela ter quase um século.
quando eu sinto vontade de cantar todas as cantigas que ela me ensinou.
as rosas não falam, a rua da solidão,o boi da cara preta.
quando me conta que os dias de antigamente eram melhores.
quando ela me ensina o que é afeto.
ela me conta escondido que sou sua favorita, sua alma amiga.
e eu aqui, sem conseguir imaginar o que será da minha parte sem ela.
metade.
e penso na força, ela que se despediu de todos.
e eu não aprendi a me despedir.
minhas despedidas sem adeus, mas com te amo.
minha segunda mãe. minha velhinha de cabelos bonitos e olhos azuis.
um dia eu descubro que não vou precisar me despedir de ti, pois se eu tiver a minha melhor parte em mim, eu ainda terei você.
quarta-feira, abril 22, 2009
Estou com uma sensação estranha hoje.
Feliz e triste, tudo ao mesmo tempo.
Um papo com meu querido me fez pensar no "pra sempre".
Pensei que o mais mágico no "pra sempre" é a vontade que temos que ele aconteça.
Hoje eu não sei quais coisas eu desejo que durem tanto.
Eu já quis um dia. E não durou.
Me tornei mais dura e fria.
Mas ao mesmo tempo, quando eu me pego sorrindo sozinha
Eu vejo que dentro de mim ainda existe alguma vontade de ter algo bonito e duradouro em mim.
Desejo algo que nem começou, desejo o novo.
Recomeçar é sempre complicado.
Pisar em feridas ainda não cicatrizadas, caminhar por calçadas que eu tentei deixar pra trás.
As coisas não são esquecidas dentro de nós, elas apenas mudam.
E hoje estou aqui, meio feliz, meio triste.
Sorrindo assim, mas com cores desbotadas.
Se eu falo dos meus sentimentos, é porque desejo tê-los em mim.
Eu construi com agulha e tinta um novo coração em mim.
Nada mais justo que eu querer preenchê-lo com o afeto de alguém.
Quem sabe um dia.
Quem sabe se o eterno já começou em mim, com a simples vontade dele existir?
Não sei.
Quem saberá?
Continuo sorrindo e mandando meus abraços de bom dia pra alguém.
Por enquanto isso me basta. E para ele também. =)
segunda-feira, abril 20, 2009
[aliás]
Era eu.
Fui eu quem não respondeu mais que duas palavras.
Foi você quem não ouviu.
Corri enquanto os meus pecados marcavam os meus passos no chão.
Eu que corri.
Não queria nada teu, nem a dor.
Te entregaria tudo, se quisesse.
Teria tudo, até eu.
É tarde, as coisas mudaram tanto.
Hoje eu não sei quem você é.
Não é você quem eu espero chegar.
Nem eu. Me perdi.
Me esqueci.
Deixei você me deixar.
Não foi por falta de amor, fato.
Não foi por não te desejar.
Apenas não soube te pedir pra ficar.
Não quero teu perdão. Não quero me perdoar.
Deixa assim como está.
terça-feira, abril 14, 2009
.a tua espera.
.noto que tua presença é constante.
.mesmo quando não está por perto.
.tua falta, é porque falta minha parte.
.como me sinto menos minha neste instante.
.se você sente o meu coração de longe.
.é o teu compasso que eu tenho aqui de dentro.
.e tuas palavras já me fazem tanta graça.
.que ao não te ver, não sei bem o que se passa.
.só você me faz escrever estes versos.
quinta-feira, abril 09, 2009
.trecho de algum postal por aí.
repetindo versos
quarta-feira, abril 08, 2009
.me deixa descer.
terça-feira, abril 07, 2009
.sonhe teus sonhos nos meus.
quarta-feira, março 25, 2009
[corações em liquidação]
Por vezes eu tentei entender as coisas que não fazem mais sentido pra mim e um dia fizeram parte.
É dificil deixar, abandonar certos pensamentos que se acostumam com a gente.
Existem até palavras que eu não sei mais usar.
"é fase, mas eu me canso."
As vezes a gente cansa de procurar. As vezes não consigo abandonar a mim mesma.
Essas raízes todas que eu tenho que podar, essas coisas todas que tenho que aprender a deixar pra lá.
É aquela sensação que tenho desde criança, que sempre estou dois passos atrás de algo que nem sei o que é.
Talvez não exista este algo.
Talvez eu ainda não tenha encontrado meus passos no meio de tantos devaneios que insisto em não abandonar.
Me acostumei com eles, eles comigo.
Músicas repetidas, frases de efeito, livros me esperando na estante.
Tanta coisa me esperando e eu aqui, sem saber esperar.
Já me cansei de metades.
Já me cansei de me deixar pra lá.
Dentro desta lata toda eu ainda tenho um coração descompassado, batendo dois segundos depois das coisas.
Não é que eu não sinta, mas eu só sinto o que já não me faz mais sentido, porque é o que realmente me faz falta.
[sem radar]
Estava hoje no Hospital Militar visitando a minha avó, que está em observação. Do corredor eu podia ouvir alguns ruídos, alguns gritos meio abafados, mas que não pareciam ser de dor.
Minha vó então comentou comigo que os gritos eram da garota do quarto ao lado, que havia sofrido um derrame durante o parto e a família havia a deixado no hospital, sem nunca mais a visitar, há quatro meses.
Chamei o enfermeiro e perguntei mais sobre a menina que estava lá.
Ele me perguntou se eu gostaria de conhecê-la, pois ela ficava feliz quando recebia alguém.
Fui acompanhada do enfermeiro e quando cheguei no quarto, confesso que fiquei um pouco chocada com a cena.
Ela tinha os braços e as pernas atrofiados, apesar da fisioterapia que ela recebia no hospital. A boca já possuía poucos dentes e ela não conseguia falar por causa do derrame, meio de lado, o enfermeiro a puxou para seus braços e disse:
- Lu, tem visita! É uma moça da sua idade! Veja, ela veio te ver!
O enfermeiro me contou pouco mais sobre ela.
Que seu nome é Luciana, 28 anos, casada e mãe de três filhos. No parto do terceiro, teve complicações que afetaram seriamente seu cérebro. Desde então ela não saiu mais da cama e nem de seu mundo solitário e silencioso, que era quebrado somente pelo seu lamento cantado aos gritos, que invadiam os corredores daquele hospital.
A família não a visitava nunca, ela já havia recebido alta há alguns meses e ninguém veio buscar.
Desde então ela ficou ali, sendo mantida pelo hospital e pelos funcionários que a "adotaram".
Ela ali só tem o carinho incontestável dos enfermeiros, inclusive do Sargento da Silva, que foi quem me levou até o quarto e demonstra um afeto e dedicação ímpares por aquela moça.
Saí daquele quarto visivelmente abalada, pensando "que mundo a Lu tem em volta dela, se ela mal consegue olhar pela pequena janela do quarto?"
"Como uma família desiste de alguém assim, sem olhar pra trás?"
"Em que mundo ela se encontra agora, alma presa, sufocando a dor pelos gritos esquecidos..."
Ela poderia ser eu, quase a mesma idade. E quem sabe ela era eu antes do derrame. Quem sabe eu seja um pouco dela ali naquele quarto, solitária, esquecida.
Queria naquele momento poder trazê-la ao meu mundo, mostrar que as coisas aqui continuam belas e coloridas. Que ainda há árvores bonitas e prédios altos, mas que ainda temos pessoas dobrando a esquina e sendo deixadas para trás.
Mas ela não sabe disso. Nem eu. Ela só sabe dos enfermeiros que a tratam com amor, e que alguém de vez em quando entra naquele quarto para quebrar a solidão por alguns instantes e depois partir novamente.
E eu que não sei de tantas coisas, não sei da minha própria solidão, fico imaginando se ela consegue compreender a solidão incompreensível na qual ela vive.
Queria só abraçá-la e que ela soubesse que ela não está só. Que alguém neste mundo escreveu algumas linhas para contar a história da moça solitária que mudou um pouco a alma de outra pessoa....
quinta-feira, março 19, 2009
segunda-feira, março 16, 2009
[céu em chamas]
.sinto falta das cores do céu.
.aquelas que a gente enxerga através das lentes e só repara no parque depois de algumas cervejas e uma ótima conversa.
.agora, falando com você eu percebo que aí do outro lado você sente a mesma vontade de estar em outro lugar, como eu.
.já te agradeci por você ter bebido o primeiro café comigo, sentada na mesa com um pseudo famoso enquanto tentávamos a primeira telepatia pra fazer ele sumir dali?.
.por dividir um coração meio machucado e provar por 2+2 que eu não estou sozinha nem quando não nos falamos.
.juntamos os cacos nas medidas do possível.
.mas eu sei e você sabe que o céu ainda é o mesmo.
.e o mundo vai girar pra gente ficar no mesmo lado sempre.
.não importa quantas despedidas sem adeus que eu te mande sem querer.
.estamos aqui e aí e talvez lá também.
.me mostrou as cores quando eu precisei.
.te deixarei menos cinza quando você desbotar.
.meus postais sem destinatário sempre chegam até você.
.minha caixa de correios sempre estará pronta pra te receber.
[volta aqui]
terça-feira, março 10, 2009
[bons ventos]
Ainda não inventaram sensação melhor que reencontrar alguém que faz bem.
Existem coisas que o tempo muda, como alguns amigos de colégio que hoje mal se cumprimentam.
Outras, só amadurecem com o tempo.
Entre um passeio e outro, pausa no filme, beijinho, lembrar de coisas que fizeram parte da adolescência muito feliz, beijinho e pensar que hoje somos adultos que precisam mesmo encontrar tempo na agenda para poder dar beijinho.
Essas mudanças fizeram parte de conseguir manter uma cumplicidade de anos, de mãos dadas enquanto o tempo nos torna mais distantes das coisas que nos aproximaram.
Ainda temos trilha sonora pra nós dois.
Mas hoje o despertador toca mais cedo pra nos levar pra casa.
Que bons ventos sempre soprem a favor de nós. Que boas músicas sempre encerrem nossas noites. Até outro dia chegar.
quinta-feira, março 05, 2009
[até o fim raiar]
[hoje]
sexta-feira, fevereiro 27, 2009
Não consigo sequer encontrar palavras para esta angústia velada que ando sentindo.
É vazio, é vão.
As pessoas vem e vão e eu nem sei mais se quero realmente que elas fiquem em mim.
Não me importo.
As melhores já se foram, em sua maioria.
Eu neste momento nem consigo desejar que o tempo pare, pois ele se arrasta pelos meus pés e me tira o chão.
Tão poucos me cativam, tão poucos me interessam agora.
Tão poucos eu realmente deixei que me vissem, assim como estou agora. Mais melancolia e menos fantasias.
Nem sei se desejo mais procurar estas palavras que eu sempre quis.
As frases prontas, rasguei.
Queria mesmo é não ter que olhar pela janela e ver que a tua janela também é a mesma.
Eu ainda sinto.
Sinto muito por mim, por eu não ter deixado o ar entrar na minha janela sempre fechada.
Eu me calei, minhas lágrimas secaram, mas eu ainda sinto quando procuro por algo que eu perdi no asfalto quente.
Tantas palavras, nenhuma serviu.
Minhas palavras já não cabem mais como antes.
Não cabe mais a mim te dizer como eu morro por dentro enquanto você morre em mim.
Dói. Doeu muito e ainda dói.
Perdi meus textos na sua gaveta, amigão.
E eu ainda sinto por isto.
Como poderia sentir mesmo, ninguém me explica.
Abrir minha janela está se tornando mais doloroso a cada dia.
Sinto falta. Sinto muito. Adeus.
terça-feira, fevereiro 24, 2009
Sempre que esse caos desconhecido me toma, penso que é coisa passageira, que dormir mais talvez aliviasse a dor de ser.
Inevitáveis são os momentos em que a alma desconta o preço de ser. É tão honesta essa troca, como se fosse uma cobra que cresce e precisa de outra pele.
Arrebata de maneira tão intensa, que o ser se torna uma massa disforme, em busca de outro aspecto, talvez menos invariável, pouco mais tangível.
E é esta ruína na qual me encontrei pela manhã. Não era eu, era um bolo crescente de coisas as quais já não me cabiam.
Eu quis deixar de ser, mas é impossível.
Eu quis deixar essa forma exata e me transportar para um outro ser, o qual eu talvez entendesse pouco mais.
Não consegui. Esta forma de se enxergar é a que dói.
É a verdade cotidiana batendo, e ela machuca.
Quando a alma quer escapar pelos poros e respirar um novo fôlego sem partir.
Quando me dou conta das vezes que tentei fugir, penso que cada pele que troco é vã, pois ainda não me sinto grande e confortável para ser.
Talvez não seja grande.
Talvez eu seja uma alma vã que ainda quer ser maior, por puro prazer de ser mais.
Quero dormir.
Quem sabe eu acorde menos incomodada com meu ser.
Talvez eu só precise de cigarros e café.
domingo, fevereiro 15, 2009
[sinceridade que dói]
É fato, você me faz feliz. Por mais que isso doa em você, por mais fácil que seria causar dor e terminar. Desistir antes de começar, sair correndo sem deixar nenhuma lembrança da paz que você me traz.
Essa paz é mais ou menos como uma tempestade que nos faz perder o chão, seria mais fácil se a gente não tivesse aberto tanto o coração. Sei que é essa aflição de fazer bem a alguém o que corrói por dentro. Tão mais fácil desgostar, causar aquela confusão na vida do outro e fazer sofrer.
Sei que machuca todo o meu sorriso pra você, as lágrimas são tão mais fáceis de causar. É tão mais fácil errar, cometer pequenos crimes e ir embora.
Eu entendo que tirar os olhos um do outro vai ser levar embora um pedaço,sei que amar alguém enquanto há uma ampulheta no coração causa uma ferida nos dois, sei que ser tão perfeito pra outra pessoa não é coisa que se encontra em cada esquina.
E esse é o típico sonho que não queremos acordar. É o tal menino sem rosto que agora tem nome, mas o despertador insiste em tocar todas as manhãs avisando que o tempo passa e as coisas mudam demais.
Você nunca me fez chorar. Chorei por mim. Não, esta tristeza não é sua e não quero que a roube de mim.
Eu nunca acreditei no “pra sempre”, mas pela primeira vez eu senti vontade que fosse. Mas o pra sempre é tão efêmero quanto os minutos gastos pra escrever estas palavras.
Sei que arrombar a sua porta aos pontapés não foi a melhor opção, remexer as suas feridas buscando mais do seu sangue só me fez querer te abraçar mais, sei que o meu desespero gritou nos seus ouvidos até eu perder a voz, sei que quebrar os nossos sonhos na parede não adiantou pra nos fazer descer desta roda gigante na qual estamos, tantos altos e baixos e bilhetes escritos junto ao café da manhã.
Faz tanto tempo que isso acabou de começar. Fazia tanto tempo que eu estava sem você.