segunda-feira, outubro 05, 2015
.Isso de endurecer.
Escrever sobre sentimentos nunca é fácil.
A gente mistura o que é nosso, o que é do outro e até o que faz parte de quem lê.
Abre feridas, inventa umas cicatrizes e deixa sangrar...
Eu sempre gostei de escrever sobre o que estava sentindo. Mesmo que esse sentimento não estivesse exatamente dentro de mim. Inventar dores e risos faz parte do cotidiano de quem escreve.
Mas hoje, vendo coisas que eu escrevia antes, me perguntei quando e por que eu parei de falar sobre isso.
Foi então que me dei conta que endureci.
Como foi que eu, justo eu, deixei isso acontecer?
Como pude parar de falar sobre as horas, sobre o café que esfria, sobre a casa antiga, a grama verde e os ipês amarelos?
Eu não poderia ter feito isso comigo.
Guardei meu pinguim imaginário numa caixa, parei de passear em livrarias. Quando foi que eu deixei de sentir o aroma da feirinha?
Remexi no passado buscando algo que não sabia direito o que era e só agora me dei conta que eu estava procurando por mim mesma esse tempo todo.
Eu não deveria ter sido tão negligente comigo mesma...
Me permiti vestir armaduras todas as manhãs, sufocando aquela menina boba que sonhava tão colorido.
Boba fui eu de abandoná-la.
Eu mergulhava em lagos de gelatina, eu conversava com plantas, eu dava bom dia, eu não dormia.
Eu guardei tudo isso pra que?
Sem atalhos agora. Lá vou eu pelo caminho da grama, pra me encontrar outra vez....
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