Quantos espinhos e ervas daninhas invadiram meu jardim.
Quando foi que me deixei ser tomada por essa mata traiçoeira que me engoliu?
Quantas vezes sufoquei meus sentimentos, pois achei que não merecia eles?
Me machuquei. Enfureci. Endureci a ponto de achar que não merecia sentir...
Quanta bobagem. O que trouxe na bagagem? Flashes? Fotos? Pessoas querendo estar no meu lugar?
E aonde estive esse tempo todo?
E o que eu tinha? E o que eu era? Do que eu gostava? O que eu queria?
Quando dei por mim, queria tanto que mal me dei conta que já estava lá.
E por que era tão difícil entender que já cheguei? Queria mais, queria o impossível. Queria o sonho que mal existia no meu sono.
Caminhei estradas tão tortuosas porque não conseguia enxergar que já estava em casa...
Eu já cheguei lá. Tudo, tudo, tudo o que sonhava. Tenho um amor, tenho um filho. Tenho minha gata que me ama mais que tudo. E eles dormem comigo pra se sentirem felizes. Todos eles. Amor, filho, gata.
Todo dia eu acordo feliz por ter eles. Eu queria plantas na janela? Tenho.
Eu queria acordar e ouvir as musicas que mais amo? Tenho.
Eu sempre quis tomar um café e fumar meu cigarro com a certeza de que estou aonde queria estar.
Eu tenho.
Eu queria muito comprar os objetos inanimados pra enfeitar meu dia. Eu tenho.
Eu vou na feira aos sábados. Eu vou no mercado e entre as prateleiras eu lembro da minha vó.
Tenho o colo da minha mãe. Tenho as lembranças de todas as viagens que sempre quis fazer.
Eu como o que quero comer.
Eu amo quem escolhi amar.
Eu vivo no mundo que eu quis construir.
Casa, flores, amores e gatos.
Só me falta procurar em mim essa essência que sempre tive e que quero ter de volta.
Ser simples de novo. Me entender de novo. Mesmo nas dores de todos os sentimentos.
É isso o que eu sou. Nas melancolias e nas paixões, sentir de novo.
Eu já estou no meu lugar no mundo. Eu achei ele. E ele é lindo.
Já posso me permitir escrever sobre isso...