sábado, junho 30, 2007

O pequeno planeta da Bic


"As pessoas grandes são estranhas, disse o principezinho antes de continuar a viagem."
(Le petit Prince - Saint - Exupéry)

É isso.

terça-feira, junho 26, 2007

Ontem eu sonhava [ Hoje eu nem durmo ]

Músicas bonitinhas. Melodias legais. Sonhos agradáveis.

O legal é quando a gente não quer acordar de manhã porque estava flutuando entre o concreto dos prédios. Mas a calçada sempre chama, o despertador chama, o chefe chama bem no horário do cafezinho com pouco açúcar.

O cigarro sempre acaba no meio das conversas mais bacanas. Aquelas sem pretenção alguma de ser. O chá sempre esfria em cima da mesa quando ele conta o tempo pra gente ir. E nesse ir e vir de palavras, elas esbarram nos ouvidos da maneira que não queremos escutar. Isso porque temos o péssimo hábito de tentar adivinhar as frases alheias.

É sempre assim mesmo, é o ônus de sonhar. Quando a realidade vira um filme trash e você nem sabe se a sua vida tem algum roteiro. É fato que vida não tem caminhos certos. E o tempo que faz sentido ficar ao lado de alguém não tem uma imagem enquadrada e nítida.

Eu ando enxergando meio embaçado mesmo. E esse caminhar meio míope é o que me faz tropeçar tanto. Uma amiga minha sempre diz que eu não sei olhar pra minha felicidade com olhos de momento.

Eu conto os dias pelos sentimentos, é fato. Talvez por isso eu seja tão intensa nas minhas atitudes. Sei que isso acaba atropelando os outros, mas é meu jeito de encarar a vida. Ouvi alguém dizer que nem pensa mais na vida, porque isso sempre o deixava melancólico. Eu penso muito na vida, penso nos meus desejos, sonho muito. Não por me alienar desta maneira, mas como meu pai sempre diz: Sonhar é precipitar as sensações.

Eu continuo sonhando, sigo bailando pela vida, outras vezes eu corro por ela. Mas se eu corro é pra poder chegar mais rápido perto de alguém. Esse alguém que é dono do sorrisinho no canto da boca. E faz brilhar os olhos só de ver. Ele nem sabe o bem que me faz. Mas ele sabe sonhar também. E a bailarina dorme mais um pouco, só pra sonhar um pouco mais.

terça-feira, junho 12, 2007

Se é assim, quero sim [Acho que vim pra te ver]

A caixinha de músicas tocando uma melodia tão distante. Vontade de dançar os meus sonhos todos. O compasso das canções de amor feliz, a felicidade de ver alguém feliz e isso bastar pra gente querer ser quase feliz, ou menos triste.

É querer acordar pra ver ele, querer dormir cinco minutos além pra sonhar mais.

É escrever por ser legal contar sobre aquelas todas coisas tão banais, porque a gente gosta mesmo nas coisas banais, os grandes motivos nunca são suficientes.

Arrumar o cabelo, o rouge, a boca. Os desejos de gostar, a vontade de ser recíproco todo esse anseio de querer ver.

Reparar nos jeitos, nas listras, nas entrelinhas, nos espaços vazios entre uma palavra e outra.
Ah, todos os clichês do mundo. E eles são tão gostosos.

Esperar o dia passar, arrumar a sala e fazer café. Passar a roupa, o tempo e a vontade que não passa.

Esperar pelo olhar, ver de longe, ir lá só pra observar o jeito dele passar a mão pra ajeitar o cabelo, bater a cinza do cigarro, olhar pela janela numa noite quente.

Desejar só andar pela grama, sentar debaixo de uma árvore, olhar as mãos e querer tocar.

Preencher todas as melodias com letras de romances tolos, gostar de sorrir por alguém.

E esse querer é mais que só possuir, é mais que despir só roupa, sem alma. É platonizar todos os amores em um só. Girar pelo salão antes vazio, desejar beijar o bonequinho e esquecer que as bailarinas existem.

sexta-feira, junho 01, 2007

Veja bem, meu bem [Texto pra não entender a Bic]

Olho você hoje como se fosse um brinquedo que desejei tanto, mas não funcionava direito. Deixei dentro daquela gaveta de tranqueiras infantis. Às vezes eu vejo ali no meio dos meus devaneios, mas não tenho mais vontade de girar a corda pra ouvir a canção que tocava antes.
Eu era aquela bonequinha que você viu passar, com o vestido mais bonito de baile que já tive. Mas chegou a bailarina, ela dançava sem os pés no chão, ela não te deu a mão, ela não te acompanhou na valsa sem par.
Minha caixinha de músicas tem aquela canção. Aquela toda de fazer chorar. Aquela sem letra, sem ritmo, sem sim, nem não. 
E na parede da casa ainda tem os carrinhos de controle remoto que faziam as tardes de corrida agradáveis, tem os bonequinhos de chumbo sempre longe da bailarina. Agora é do teu controle que eu perdi as pilhas, devo ter colocado em algum outro brinquedo que falava coisas bonitas.
A boneca perdeu os sapatos pelo caminho, a Cinderela fugiu do baile antes de aprender a sorrir. Deu meia-noite, a noite começou no meio da festa, os reis e os bobos rodavam pelo salão. A bonequinha estava lá, você do outro lado. Paralelos são assim mesmo.
O dia sorriu meio tímido. O frio congelou as plantas e a nossa lasanha congelada no freezer.
O café ta pronto, mas o brinquedo ainda dorme. O frio consome, e a cama vazia.
Ninguém pra arrumar a mesa, nem a casa, nem a dor. Os pratos sujos na pia, o horário amarrado aos pés. Caminhando sempre dois passos atrás do tempo, atrasado, tempo perdido. A noite chega outra vez, a gata borralheira esquece de aguar as plantas, se arruma pra ele e sai.
Ele pensa na bailarina, ela torce pra bailarina errar o passo e cair no chão. Os reis e os bobos de volta ao salão, a noite termina embriagada. Ela tira os sapatos de cristal, devolve o bonequinho de chumbo sem coração na gaveta e dorme pra sonhar com aquele que fará a sua valsa ter par.