terça-feira, novembro 23, 2010

.doação.


Passamos tanto tempo olhando pros cantos que menos importam que por vezes, diante do novo, nos estranhamos e rejeitamos algo que sempre nos fez parte.
É assim todos os dias. Não há nada que não nos pertença legitimamente, nem as dores.
Mas tem aquele momento na vida em que tudo de repente nos faz polir esses nossos sentimentos cheios de pó e esquecidos.
E as vezes, a ira também nos pertence. As vezes precisamos de alguém como um farol nessas tempestades de dentro.
Hoje eu dou mais valor a estas pessoas que estão aqui mais pra ensinar do que aprender.
Silencio e aceito.
Acato essas lições da vida e as guardo em mim.
Quanto mais caminhamos, mais aprendemos a desviar sem nos corromper.
Quanto mais caminhamos, mais aprendemos a cair sem machucar.
Ah, quem dera não cair mais.
Quem dera não ter mais ira, nem dor.
Mas é nesses momentos em que tudo está tão confuso e nublado que olhamos o outro como um reflexo de todos os nossos pecados e perdões.
E é no outro que olhamos pra nós mesmos sem pudor.
É ajudando o outro a não desviar que encontramos as estradas certas. E segurando o braço de alguém que conseguimos nos levantar.
Pra estas pessoas que eu dedico meu sentimento estranho de hoje.
Obrigada a você que me ergue quando eu caio, obrigada a você que me faz pertencer à mesma estrada como iguais. Obrigada a você.

quinta-feira, novembro 11, 2010

.Fragilidade.




Hoje acordei no modo automático, sem prestar atenção direito nas coisas, tropeçando nos móveis da sala, escorregando em alguns sonhos que estavam displicentes esquecidos no chão.
Mas a vida exige um cuidado, vejo isso.
Um cuidado que apenas não se cobra, mas pesa.
E quando nós menos esperamos, essa leveza toda da vida faz mais fortes novamente.
Viver é mais que respirar.
E quando nós estamos diante de tudo, contra nossa mente, essa batalha está perdida.
Nós, humanos, não podemos lutar por nada além da nossa existência.
Somos apenas seres que sempre estão acabando de se conhecer, mas entre um adeus e um olá, nos enxergamos como iguais, talvez tentando chegar ao mesmo lugar.
Hoje estou triste, é só.
Talvez por perceber que a vida, implacável, as vezes escapa frágil das nossas mãos.
Talvez por notar que no limite dela, nós nos apegamos com todas as forças aos últimos suspiros.
Por não saber dizer olá e adeus como eu deveria, por achar que simplesmente tenho que continuar aceitando que o destino nos faz pares diante desse desconhecido futuro.
Por querer dar a mão e segurar forte quem vai, e por saber que quem fica é apenas mais um a respirar aqui.
Tanta gente pedindo pra ficar, tanta gente se despedindo pra ir e eu entre esses olás e adeus todos continuo a suspirar sem despedidas.