quinta-feira, janeiro 20, 2011

.sobre o frank.



Eu nunca adotei um cão.
Na verdade, eu nunca adotei um cão porque eu sempre fui adotada por eles.
Eles nos escolhem para ter a sorte de ganhar este amor que oferecem.
Já fui adotada algumas vezes.
A Tigra me seguiu até o colégio e me esperou sair da aula até a minha casa.
No dia seguinte, a Tigra fez o mesmo caminho até que eu decidi que ela havia me escolhido.
Foi minha companheira por muitos anos, minha melhor amiga e se existem almas gêmeas, existe cachorro gêmeo, e ela foi a minha.
Depois dela veio a Cindy. Depois de quase ser afogada por uma criança estúpida que matou todos os irmãozinhos dela, chegou aqui em casa ainda amamentando.
E ela é a minha alegria até hoje.
Cindy faz festa pra cada um que chega na minha casa, pois ela é feliz por ter uma casa e é feliz por ter visitas e amigos. Ela é leal a eles.
Por fim chegou o Thor. Um pintcher que foi largado na rua e bravamente sobreviveu até encontrarmos ele.
Um pintcher que foi um gigante ao enfrentar as ruas tão grandes pra ele.
O Thor é feito de carinho. É um amor na forma mais pura. Tem o olhar de gratidão e nos dá tanto amor quanto ele nunca recebeu.
Da primeira vez que chamei ele de Thor, ele incrivelmente aceitou seu nome e começou a atender por ele. Ele deve ser orgulho de ter um nome, ou por alguém o chamar pra perto, não sei bem.
Ontem eu vi a foto do Frank.
Frank está em São Paulo. Foi resgatado por uma ONG depois de ser encontrado espancado e sujo na rua.
Ele não anda. Tem aproximadamente 7 anos e já possui uma catarata considerável nos olhos.
Frank é triste. A vida não foi tão generosa com ele até agora.
Frank tem medo. Frank é feio. Frank tem uma pata com seis dedos e a outra sem dedo algum.
Frank não sabe o que é ser chamado pelo nome ou a alegria de esperar seu dono chegar em casa...
Mas aí ele me escolheu. Frank me adotou no momento em que vi ele. No Frank eu encontrei uma beleza única. Um afeto esperando pra existir.
Frank está em São Paulo. Eu estou aqui em Curitiba. Frank ainda terá um longo caminho até me encontrar.
Mas não existe só um Frank por aí.
Esse Frank já adotou a sua dona.
Se tudo der certo, (se ele tiver um temperamento que aceite outros cães, se ele estiver em condições de enfrentar uma viagem, se eu conseguir transporte e grana pra trazer ele pra casa) eu serei adotada por ele.
Mas e os outros Franks que estão agora na sua esquina?
Cachorro e gato não se compra. Sou desta opinião. Eles nos escolhem, eles nos acolhem com amor.
E o amor deles, acredito que esteja a um passo da divindade na nossa frente.
Eles não nos escolhem porque somos lindos, ricos ou temos uma vida sem manchas no nosso passado.
Eles não nos escolhem porque temos uma casa grande e dois carros na garagem. Eles nos escolhem porque nos amam.
E este amor é o mínimo que podemos retribuir.
É deste amor que fomos feitos, só que neles, isso é incondicional.
Hoje fui adotada novamente.
Espero que você que está lendo tire a sorte grande de ser adotado um dia também. Para que lá no fim, você possa dizer que foi amado incondicionalmente, assim como eu sou.