
Sempre fui péssima com despedidas.
Hoje, por fim, se cumpriu a mais dolorosa.
Minha metade, minha maior amiga da vida... se foi.
E eu aqui, nesse silencio assustador com as minhas palavras tortas, tento encontrar uma palavra para tentar preencher essa lacuna que acabou de se abrir no meu coração.
Ah, como era um momento só nosso quando eu te via... Dói te imaginar apenas nas fotos agora.
Dói não pegar nos teus cabelos que nunca ficaram brancos.
Ah, os teus olhos, vó. Eram só teus. E os meus eram um par te olhando com orgulho sempre.
Segurar a tua mão pra dormir. Ah, me acalme. Canta alguma cantiga comigo pela última vez.
Me conta das tuas coisas que eram tão minhas.
Você sempre foi a minha favorita. Me segura por mais um segundo...
Dança essa última valsa comigo antes de ir. Acena pra mim deste mundo distante para o qual você viajou. A demora para o reencontro me aflige agora.
Me faça só mais um afago no meu coração que está tão descompassado quanto o teu, que parou.
Ah, céu. Receba a minha melhor parte aí. Recebam com flores e estrelas, esta que era a mais brilhante para mim.
Beija a minha testa mais três vezes vó. O fato de não te beijar a testa me dói ainda.
Me dói toda a despedida e esta dói mais, por ser a última.
Vão doer todas, por eu não poder te contar os meus planos, os meus medos, as minhas histórias com final feliz.
Abre teus braços, vó. E em seguida me aperta com toda a força que você teve, mais que eu e qualquer um que passou por aqui.
A tua honra, a tua sabedoria, a tua calma e aceitação com as coisas.
Teu olhar doce e azul. O teu sorriso ao me receber. A porta que permanecia aberta até eu entrar no elevador, porque você sempre foi melhor nas despedidas que eu.
E eu não sei te dizer adeus. Desculpe, por favor. Não sei deixar essa nossa ciranda acabar.
Você sempre será a minha favorita. A minha melhor amiga que eu já tive neste mundo, que hoje ficou menos florido sem você. Eu sempre te amarei, minha menina dos olhos coloridos.