quinta-feira, agosto 06, 2009

.a mesma praça.


Hoje eu cheguei perto do acaso.
Passei pela frente da tua casa, mas não olhei pra tua janela, com receio que o acaso realmente me fizesse encontrar você.
Me sentei no mesmo banco que um dia dividimos e me lembrei que só passamos um fim de tarde ali, mesmo perdendo tantos outros finais de tarde bonitos dentro de casa.
E eu pensei que mesmo quando estávamos juntos, nós já haviamos perdido tanta coisa...
Na verdade nós já começamos pela metade. Duas metades tentando se encontrar ali, em dois corpos que hoje são os mesmos: metades.
O acaso não nos colocou mais frente a frente. Talvez seja este o plano.
Ou talvez as nossas ruas não se cruzem mais, apesar de continuarem se encontrando no google maps.
E quando eu percebi que hoje posso estar com alguém que mora na mesma avenida que a sua, e que talvez você esteja dormindo em outra cama de outro apartamento qualquer, eu vi que nós sempre vamos mudar de lugar, mas continuar na nossa mesma rua. Não no sentido geográfico da coisa, mas no nosso caminho. E talvez o nosso jamais se cruze novamente. Eu não encontro nem meus vizinhos, por que encontraria você depois de tanto tempo?
Eu não teria mais tanta coisa pra falar quanto antes. Sou notícia velha.
Gastei o que eu tinha pra te falar durante esse tempo todo e acabei sem ter o que contar.
Usei as nossas histórias como uma música que a gente não cansa de ouvir.
No meu livro talvez não tenha um capítulo só nosso. Sobram páginas.
Mas eu sempre vou colocar um pouco do que nos restou nas minhas linhas.
Não te escrevi nenhuma carta de amor, não há nada de novo no que eu já senti por você. Apenas as metades que um dia já dividiram a mesma rua e que o acaso esqueceu em algum lugar.

Um comentário:

Tiago Lobão disse...

Inspirado e inspirador.
:)