sábado, agosto 22, 2009

.pois é.


E é assim.
De repente tudo aquilo em que você acredita que seja perfeito na vida de alguém... não é.
Não é.
E está lá, aquela pessoa, do alto de sua torre de areia querendo fugir...
ninguém viu.
ninguém a ouviu.
e o caminho de repente se fecha entre pedras e espinhos. tá escuro. dói. fui...
e ela esta lá... eu tentei chorar, ela também. tarde demais.
o jogo terminou em um simples e patético empate, onde nós todos vamos perder eternamente.
e a cada foto tua eu vou saber que perdi.
sem mais.
talvez você, do outro lado, veja o quanto perdeu.
não há um empate sequer...
e dói a tua perda.... em todos nós...
a cada um que chegou a ver as tuas coisas bonitas... se foi. não havia ninguém lá.
o destino não foi tão bom conosco.
nada mais.
você foi.
e eu também.
cada pedaço teu que chora por não estar mais aqui.
leva essa parte que é tua e ficou.
diante de todos os erros, eu assumo os nossos.
não me deixe aqui, te peço.
não deixe que as coisas todas se movam nesse xeque-mate, enfim. já foi. erros teus. e meus.

volta aqui.
vem cá.
meu colo ainda é teu melhor lugar.
.ne me quitte pas.



desculpem, as lágrimas insistem em voltar aqui.
justo eu, que não sei me despedir.
destavez eu digo: ADEUS.


"Lá se vai o tempo que eu fiz
Fui refém, das minhas circunstâncias tolas
Você tentou ser feliz, eu também
E as lembranças são escolhas

se vai o tempo que eu fiz...

Fui refém, das minhas circunstâncias tolas
Você tentou ser feliz, eu também
E as lembranças são escolhas..."

domingo, agosto 09, 2009

.dia dos pais.


É, dia dos pais sempre me traz uma sensação estranha pra mim. Na realidade eu sou meio avessa à comemorações de quase todos os tipos.
Mas dia dos pais pra mim é meio "sei lá".
Meu pai sempre foi especial pra mim. Sempre foi aquele cara pra quem eu corri nos piores momentos, quando eu estava realmente encrencada. Me ensinou a andar de bicicleta, me ensinou a gostar das melhores bandas e dos melhores livros. Era ele quem cantava pra eu dormir. Quantas canções...
Quantos poemas. Quantos conselhos que eu deixei de seguir, Quantos abraços que eu achava brega lhe dar na frente das minhas amigas...
Foi ele quem me ensinou a dizer "te amo" ao invés de "tchau" quando desligava o telefone. Porque ele sempre me diz que algum dia, aquela frase será a última coisa que falaremos um ao outro.
Talvez tenha sido ele a pessoa que mais senti raiva em toda a minha vida. E a minha mãe. Até porque são eles que estão mais perto, fazendo as coisas que no momento não fazem o menor sentido, e eu só entenda quando for mãe também.
Mas sempre foi o homem que admirei. O mais inteligente que já conheci, o mais bonito, aquele pai que as amigas sentem inveja, porque foi pra ele que contei quando comecei a fumar, quando tomei o primeiro porre feio, quando tive o meu primeiro namorado...e ele sempre teve algo de bacana pra me falar nesses momentos.
E é pra ele que eu ligo quando estou triste e nem quero falar nada, porque sei que ele vai saber exatamente o que estou sentindo e não vai me perguntar.
Não sei ao certo o que mudou entre nós. Talvez eu tenha crescido, talvez ele não tenha crescido o suficiente. Talvez os nossos erros um com o outro tenham ficado insuportáveis pra eu poder sentir que posso contar incondicionalmente com ele. Ou ele tenha simplesmente deixado que eu caminhe com minhas próprias pernas pra um dia se orgulhar por eu ter feito a minha história sozinha.
Não sei. Algo me dói por falar dele. Acho que é amor. É por não saber se algum dia nós teremos orgulho um do outro.
Pela vida, ter deixado ele mais duro, mais sisudo. Ou pela vida ter me deixado mais dura e sisuda.
Ele sempre vai ser o homem que dançou comigo na festinha que nenhum menino me chamou pra dançar.
Que me deu meu primeiro livro aos 12 anos. Fernando Pessoa. E um dicionário pra eu começar a entender aquelas palavras.
Que me liga pra saber como eu estou.
Que me ensinou a mergulhar.
Que me dá bronca citando algum autor complicado.
Que se orgulha dos meus textos e corrige de forma delicada quando acha que outra palavra seria melhor usada naquela frase.
Que carrega fotos minhas na carteira e mostra até pro tio do posto de gasolina a filha dele.
Que colocou a minha primeira publicação em um jornal numa moldura no quarto.
É ele que tem até o joelho parecido com o meu. E quem jamais me deixou caminhar do lado de fora da calçada, porque um cavalheiro sempre deixa a dama protegida.
Que me levava pra passear, segurava pela mão e me dizia que nenhum pesadelo jamais iria me alcançar, porque ele estava ali cuidando do meu sono.
É ele que as minhas colegas de colégio chamavam de tio-pai. Porque ele era o mais legal de todos.
Sarcástico, engraçado, rápido pra fazer piadas.
Pra quem eu fiz minha primeira canção. Meu primeiro poema.
Que me levantava quando eu era pequena, pra eu poder encostar no céu.
Que procurava duendes na fazenda comigo, me ensinou a montar, me obrigava a tomar uma gororoba horrorosa feita de verduras de manhã, pra eu ficar forte.
Foi com ele que eu chorei muitas vezes. Outras tantas, ele me fez chorar.
É ele que me perdoa sempre. E é ele a quem eu perdoo também.
Ele sempre vai ser ele, mesmo que o nosso mundo mude tanto... meu pai...

quinta-feira, agosto 06, 2009

.a mesma praça.


Hoje eu cheguei perto do acaso.
Passei pela frente da tua casa, mas não olhei pra tua janela, com receio que o acaso realmente me fizesse encontrar você.
Me sentei no mesmo banco que um dia dividimos e me lembrei que só passamos um fim de tarde ali, mesmo perdendo tantos outros finais de tarde bonitos dentro de casa.
E eu pensei que mesmo quando estávamos juntos, nós já haviamos perdido tanta coisa...
Na verdade nós já começamos pela metade. Duas metades tentando se encontrar ali, em dois corpos que hoje são os mesmos: metades.
O acaso não nos colocou mais frente a frente. Talvez seja este o plano.
Ou talvez as nossas ruas não se cruzem mais, apesar de continuarem se encontrando no google maps.
E quando eu percebi que hoje posso estar com alguém que mora na mesma avenida que a sua, e que talvez você esteja dormindo em outra cama de outro apartamento qualquer, eu vi que nós sempre vamos mudar de lugar, mas continuar na nossa mesma rua. Não no sentido geográfico da coisa, mas no nosso caminho. E talvez o nosso jamais se cruze novamente. Eu não encontro nem meus vizinhos, por que encontraria você depois de tanto tempo?
Eu não teria mais tanta coisa pra falar quanto antes. Sou notícia velha.
Gastei o que eu tinha pra te falar durante esse tempo todo e acabei sem ter o que contar.
Usei as nossas histórias como uma música que a gente não cansa de ouvir.
No meu livro talvez não tenha um capítulo só nosso. Sobram páginas.
Mas eu sempre vou colocar um pouco do que nos restou nas minhas linhas.
Não te escrevi nenhuma carta de amor, não há nada de novo no que eu já senti por você. Apenas as metades que um dia já dividiram a mesma rua e que o acaso esqueceu em algum lugar.

.apenas o fim.



As vezes a gente procura motivos pra acreditar que seria bom passar a vida toda ao lado de alguém.
Eu não.
Na maioria das vezes eu passo o meu tempo de fossa/ócio procurando motivos pelos quais eu terminaria com aquela pessoa. E assim, listando os meus defeitos e do outro, acabo percebendo o quanto eu não gostaria que aquela pessoa fosse embora.
Porque é nos defeitos que a gente encontra algum sentido pra estar ali dividindo as suas paranóias com o outro. Se encontrar nas semelhanças é fácil demais. Complicado é conseguir conviver com as coisas que fariam você chutar o balde e se mandar, porque aí é que entra a parte em que você se dedica a alguém. Exerce a difícil arte de aprender com quem está ali fazendo algo a mais na sua vida além de simplesmente gostar da mesma música que você.
E de repente, me pego pensando em todas as coisas cafonas e clichês que já passei com tal pessoa e na maneira como eu guardo essas lembranças. E é assim, como um clipe de uma música daquelas bem tristes, que fazem a gente querer se afogar na primeira fonte de água verde e suja de uma praça mal frequentada.
E por mais felizes que sejam as lembranças, elas passam por mim com uma melancolia arrebatadora sempre.
Conversar durante horas com uma pessoa que está ali tentando entender um pouco mais do que simples palavras jogadas fora. Guardando aquelas palavras para o caso delas talvez um dia se transformarem na última lembrança que teve daquele alguém.
As vezes eu passo o meu tempo pensando nos motivos pelos quais eu não sumiria junto com o sinal da internet da vida daquela pessoa que está ali, do outro lado, tentando achar algum motivo pra ficar.
E eu fico aqui procurando as palavras que vou guardar.