terça-feira, julho 08, 2008

[Lembranças da Bic na estante]

Sempre achei que ia encontrar o amor da minha vida numa livraria.
Talvez pelo grande tempo que eu passsava dentro de uma, ou pelo próprio charme clichê de começar um romance entre os livros.
Fazia muito tempo que eu não mergulhava neles com tempo sobrando. Por muito tempo eu pensei que talvez a minha própria história estivesse dentro deles.
Coloquei meus fones de ouvido, que como diz uma comunidade de orkut "nos separam do mundo medíocre ao nosso redor", sentei-me no chão e me dei conta de que eu era mais feliz naquela melancolia meio nerd que me trazia todos os dias para aquela livraria.
Eu caminhava tanto pelo centro, reparava nas árvores escondidas no concreto. O cheiro da feirinha, das lanchonetes de chinês, lojas de 1,99 aonde eu comprei alguns dos meus companheiros de quarto mais legais, como o Cabeça e grama e o Pinguim de geladeira que a Nono derrubou no chão, e o meu Cofre de Porquinho que eu nunca tive coragem de quebrar.
Faz tempo que eu não ando de mãos dadas por estes lugares incríveis. E nem de mãos vazias. Não caminho mais como antes. Nunca mais fui na Casa China, nem na Rua da Cidadania, nem andei sem rumo na XV, na biblioteca pública, não mais... Nunca mais me sentei debaixo de alguma árvore na Praça da Espanha em dia de Feira de Antiguidades. As únicas antiguidades que tenho visto são as minhas próprias lembranças.
Era tão bom ter tempo sobrando, o problema era nunca ter dinheiro no bolso para satisfazer minhas vontades quase fúteis, então fui trabalhar.
Hoje que eu trabalho para ter grana, não tenho tempo de fazer as coisas que me deixavam mais feliz, como ir numa livraria e me perder entre as estantes.
Faz muito tempo que não tiro tempo pra mim. Faz tempo que eu não tenho um boneco tosco de gesso em casa. Faz tempo que não me procuro mais nas capas dos livros. Faz tempo que não encontro algum disco legal.
Hoje reparei, com meus fones de ouvido, que as pessoas se isolaram em seus mundos musicais, cada um na sua, com sua própria vitrolinha de bolso, como diz a minha avó. Eu ali, entre duas escadas rolantes, pessoas indo e vindo, sem ter um lugar só seu.
Meu lugar era aquela livraria aonde eu me escondia do mundo com o meu musical próprio, assistindo as pessoas e lendo livros.
Nunca achei que eu fosse encontrar o amor da minha vida numa livraria.
Na verdade eu sempre procurei por mim ali.

2 comentários:

Nonoca disse...

Já passamos bons momentos em livrarias....ahuehauehau

Como é o nome daquele livre? 100 formas de dizer eu te amo? hahahaha

Ps: Te amo, mesmo tendo quebrado seu pinguim.

:~

Nonô

Bic Muller disse...

hahaha
meu pinguimmmmmmmmmmmmmm
[minuto de silencio por ele. =/]